quarta-feira, 3 de junho de 2015

Subir em árvores: desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático


Na Escola da Serra as crianças adoram subir nas árvores. A favorita é uma figueira, que as crianças escalam diariamente nos intervalos.

Quando comecei a frequentar a escola, fiquei preocupada: será que as crianças não caem da árvore?

Conversando com uma das professoras, ela me disse:

— As crianças aprendem muita coisa subindo na árvore.

Eu pensei comigo que elas aprendiam sobre insetos e folhas, mas a professora continuou:

— Quando elas sobem, elas tem que se equilibrar na árvore, saber a força que têm que fazer para subir de um galho para outro, o quanto têm que estender o braço para alcançar o galho de cima, o quanto têm que esticar o pé para subir, a força que têm que fazer para levantar o corpo. Para descer é a mesma coisa, precisam "calcular" o tempo todo como vão fazer, qual o melhor caminho, o mais seguro e o mais fácil. É uma ótima oportunidade para as crianças aprenderem muitas coisas. Olha quanta coisa importante do raciocínio lógico-matemático elas aprendem...

Como toda estagiária de observação, limitei-me a dizer uns "hum, hum" e fiquei pensando naquilo.

Mais tarde, ao ler Piaget (1983) consegui compreender que as crianças, no estágio operatório concreto (6-7 a 11-12 anos) começam a ter a noção de força, movimento, peso, embora ainda não consigam abstrair esses conceitos dos objetos. Segundo Piaget (1983, p. 26):

[O] estágio das operações concretas apresenta uma situação paradoxal. Até aqui assistimos, partindo de um nível inicial de indiferenciação entre sujeito e objeto, a progressos complementares e relativamente equivalentes nas duas direções da coordenação interna das ações depois das operações do sujeito, e a coordenação externa das ações primeiramente psicomórficas depois operatórias atribuídas aos objetos. Em outros termos, observamos, nível por nível, duas espécies de evolução estreitamente solidárias: a das operações lógico-matemáticas e a da causalidade[...]

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